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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Nordeste: CULTIVO DE MANDACARU SEM ESPINHOS É OPÇÃO DE FORRAGEM NA SECA

O cactáceo é de fácil plantio e manejo, além de ser resistente às chuvas irregulares e ao clima da região. Alimentar os animais no período atual tem sido um dos principais problemas da pior estiagem dos últimos 50 anos. Com o quase desaparecimento da palma forrageira, os bichos procuram outro tipo de vegetação para vencer a fome. O mandacaru (Cereus jamacaru) acaba sendo uma grande opção. Para utilizá-lo, entretanto, é preciso retirar os espinhos.

Por estas características de resistência às altas temperaturas e às chuvas irregulares da região, é que o técnico Nilton de Brito Cavalcante, da Embrapa Semiárido, recomenda aos agricultores o cultivo do mandacaru nas suas propriedades, a exemplo do que fazem com a palma, os capins ou o milho. Há dez anos, ele avalia o plantio de mandacaru em uma área experimental do centro de pesquisa. Para ele, os resultados são "animadores", a começar pela produção.

As técnicas simples para o plantio e manejo do mandacaru favorecem a implantação dos cultivos nas propriedades do Semiárido. Segundo Nilton, em 1 hectare de caatinga, no espaçamento de 1 m para 1 m, é possível cultivar cerca de 10 mil plantas e colher aproximadamente 78 t de matéria verde por ano.Nos plantios instalados nos sertões da Paraíba e Pernambuco, o crescimento verificado é menor, em função da quantidade inferior de chuvas. Todavia, apresenta a vantagem de não ter espinhos, o que facilita o seu manejo e utilização na alimentação dos animais na seca.Segundo ele, trata-se de planta excelente para o pecuarista formar uma reserva forrageira estratégica na sua propriedade. No Semiárido, de maneira geral, este papel cabe a outra cactácea já muito difundida que é a palma (Opuntia cochenillifera). Porém, o mandacaru tem mais vantagens: possui maior teor de proteína, resiste melhor à falta de chuvas e o primeiro corte acontece no primeiro ano. O plantio em áreas cercadas é uma alternativa de exploração e que aumenta a capacidade de suporte das propriedades. Além disso, é um modo de substituir o extrativismo da espécie durante a estiagem, por um aproveitamento sustentável da espécie.


Terreno drenado

Nilton ressalta que o plantio pode ser feito antes das primeiras trovoadas no Semiárido. Contudo, se acontecer durante o período de chuva, o cultivo deve ser em terreno bem drenado.

"É que, se houver encharcamento, a exemplo de outras culturas, é possível a morte de grande quantidade de mudas", alerta. Durante o crescimento o agricultor vai precisar apenas roçar o local do plantio uma única vez durante todo o ano.

Outra informação importante para garantir a sobrevivência do mandacaru é não cortar a planta no tronco principal. De acordo com as avaliações na área experimental, Nilton afirma que isto pode representar a morte da planta. Por outro lado, se são cortados apenas os galhos, a vida útil aumenta e ela fica produtiva por mais tempo.

Alternativa

Para ele, não há dúvida que o mandacaru é uma alternativa forrageira interessante que os criadores do semiárido podem ter nas suas propriedades.

Os criadores de grandes rebanhos que já não têm mais dinheiro para comprar resíduo ou milho ao preço de mais de 45 reais a saca na maior parte do sertão, estão recorrendo ao mandacaru. Aqueles que já acabaram o estoque da planta em suas propriedades, estão comprando nas propriedades que ainda têm.

Por este motivo, muitos criadores já revelam que irão destinar hectares em suas propriedades, exclusivamente para o cultivo da espécie que se adapta ao nosso clima e praticamente não tem custos e nem prejuízos.

FERNANDO MAIA
REPÓRTER 

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