O homem foi identificado apenas com o prenome de João, porque o caso não
chegou a ser registrado quando ocorreu, na madrugada de 27 de junho. De
acordo com o policial Tiago Bottino, que trabalhou na noite do
incidente, João criou confusão ao levar a prostituta ao motel Mirage, às
margens da rodovia BA-263, sem dinheiro para pagar os R$ 50 do programa
e o valor do quarto do estabelecimento.
Bottino não explicou qual "tática" seria usada por João com o cartão do
Bolsa Família, que funciona apenas para saque em agências da Caixa
Econômica Federal.
Em contato com a Folha, o recepcionista do motel, que não quis revelar seu nome, disse que a garota pediu ajuda porque estava sofrendo um "golpe".
"Depois que chamamos a polícia, o cara apresentou um som do seu carro
para colocar como empenho à dívida. Ele tentou usar até o Cartão Cidadão
[ligado a questões previdenciárias do INSS]", disse.
O recepcionista ainda afirmou que a situação pode ter ocorrido porque o motel não aceita cartão de crédito.
"O pessoal sempre entra sem olhar a placa [da proibição] e depois
precisa tentar resolver com a gente como é que fica [o pagamento]".
O caso só passou a ser investigado agora pelo delegado do município, Roberto Júnior.
"Estamos apurando a conduta dos policiais militares chamados ao local,
que não fizeram o registro da ocorrência e resolveram por lá, mesmo,
além de saber o que efetivamente aconteceu", diz Júnior.
O Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família,
informou que não pode se manifestar sobre algo que não foi oficialmente
registrado.
Embora a titularidade do cartão quase sempre seja da mulher das famílias
atendidas pelo programa, há casos como de viúvos em que o homem passa a
ser dono do benefício.
Pesquisas divulgadas pelo ministério dizem que o dinheiro dos saques é
usado preferencialmente para compra de material escolar e alimentação.
Folha de São Paulo
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